Eu queria me matar, ele disse assim como quem diz que quer sorvete de baunilha. Ela olhou um tanto assustada, mas com uma ponta de desconfiança - os olhos azuis no canto dos olhos. Tu não teria coragem. Não havia desafio na fala dela, quem sabe ceticismo. Eu não disse que vou fazer, eu disse que tencionava fazer, que seria bom se eu pudesse, que se, e quem sabe se, eu fizesse talvez fosse melhor. Melhor pra ti, que não ia ter que ter mais responsabilidades, dessa vez ela estava enfezada. Estranho como a palavra enfezada é bacana, já perceberam? Assim como bacana. Mas deixa pra lá, o que eu penso não importa, só interessa o que ele e ela pensam, por enquanto. Ah, esqueci de dizer, nesse momento em que eu estava divagando havia um silêncio sepulcral repartindo os dois, daqueles bem constrangedor. Por mim tu faz o que tu quiser, ela estava sendo sincera. Não posso, Ele não deixaria. Reparem que esse Ele não é ele, é um outro ele que não tinha aparecido até agora. Ele quem? Para sorte do leitor, ou deus ex machina, mesmo, ela fez a pergunta que faltava. Ele, porra, o autor, aquele escroto. Escroto é palavrão? Não sei, mas é foneticamente interessante, não acham? Verdade, baita escroto, não sei pra quê toda essa pantomima. Pantomima, boa. É um safado, sacana, infame e pederasta, ele vociferou. É inútil, ela resignou-se, Ele não vai te matar, nem a mim. Seremos sempre personagens inúteis de uma história sem sentido, suspiraram os dois, ao mesmo tempo, com vozes que se confundiam. E ficaram em silêncio como dois títeres, enquanto Ele procurava outros personagens...
13 comentários:
"Bacana" é uma das palavras mais bacanas que existem.
E eu tava tendo um dia simples e belo sem grandes e assustadores pensamentos sobre a condição humana e livre arbítrio... até agora...
Te odeio.
Baita texto!
Palavras bacanas pra mim são as criadas para denominar pessoas do sexo feminino:
Francês: femme, fille.
Italiano: donna, ragazza.
Português: moça, guria, menina, guriazinha.
Inglês: girl.
Alemão: mädchen.
Estas são, pra mim, as palavras mais bacanas ;)
Baita texto, de novo. Qualquer dia desses vais estar autografando na feira do livro.
Abraço.
Pô, valeu. Não tinha grandes pretensões com este (meta)texto, tô até surpreso, nem sei se eu gostei pra falar a verdade. Saiu, simplesmente. hehehe
Leonardo
Eu já estive autografando na Feira do Livro (do Cassino), não foi bem o momento dos sonhos (não era um texto original, mas uma adaptação), mas foi legal. :)
Texto interessante, divertido e...bacana.
=D
e ai meu garoto...não sabia que estavas postando novamente...quando tiver tempo lerei...quero dar uma renovada, para com os poemas e colocar crônicas, contos e outras coisas, quero variar o blog...é isso, bj
garotão, dá uma olhada no texto que postei no ROCK IS ON THE TABLE
ah! e teu texto me lembrou JAMES JOYCE, pois nunca entendo o que ele quis dizer ehehe!!...desculpe a ignorância...
Nem eu entendo, meu velho, só vou "psicografando" uhauhauhahua E não vem com essa de James Joyce, é muita responsabilidade... :S
Po! Já havia pensado num roteiro de HQ onde o personagem interagia com o autor, mas de forma mais direta ainda. Tem um video genial na internet q um bonequinho de palitos digital briga com o usuário do pc. Relaciona-se um pouco à essa divertida idéia: Personagens fictícios X autor real.
Mtu bacana o texto! Gosto das coisas q tu escreve, podias escrever mais frequentemente no blog!
#ficaadica hauhauha
Abraço!
uma porcaria! como todos os outros! hausahsuia
:D
E ai meu seguinte...sei que tu não é chegado em poesia...mas mesmo assim tens muita coisa boa para mostrar...portanto ...estive pensando em organizar algum tipo de Sarau Aberto...seria uma reunião em um local pré-programado, aberto ao público e a todos os poetas que quiserem participar, para apresentação de trabalhos...cada poeta poderia apresentar três poesias...algo desse tipo...que achas? participarias? abraços.
Muy interesante tanto el blog como el texto.
Saludos desde Barcelona (España).
Muchas gracias, Albert! Estoy muy contento que tu he leído mi blog. Abrazo!
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