Sabe, eu preferia que tu estivestes aqui em vez dessa garrafa. Eu preferia nem tê-la aberto. Mas a voz em mim fez com que eu fraquejasse. Sabe, o vômito virá após a próxima virada do copo. Mas não me importo, nao vou voltar atrás. Vai ver é mais válido do que voltar a pensar em ti. O vinho me olha e eu olho em volta. Vejo que nada é tão vácuo quanta a vaga lembrança de termos vivido uma fase. Vou me afogar nessa vasilha, na vã esperança de vencer esse vazio. Vou ver TV sem volume. Vou ficar vociferando. Investigando vírgulas em versos. Vivendo o vinho vagarosamente. Vitimizando-me pelo fracasso que eu mesmo inventei.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
sábado, 18 de julho de 2009
inacabados...
É incrível a minha capacidade de não terminar algumas coisas que eu começo. Muitas vezes começo bem, mas vem aquela falha final, aquele desdém, aquele relaxamento e deixo o que comecei de lado. Livro é o meu produto preferido para inacabar. Já perdi as contas de quantos comecei a ler e parei no primeiro capítulo, ou até perto do fim. Devo ter alguma tendência ao fracasso. Ou a me enfastiar facilmente. Tenho várias ideias na cabeça no momento, uns três roteiros, uma peça de teatro, vários contos e, até, um romance. Tudo inacabado. Tudo por fazer. Tudo por pensar. Eu preciso me aprofundar em algo, o que me prejudica é essa fome por saber, de querer aprender. Acabo baixando discos dos quais ouço só uma música, filmes que paro de ver na primeira hora. É tudo tão confuso. É tudo tão sem fim. Qualquer dia eu vou embora e não terei feito nem metade das coisas que comecei. Pelo menos terei terminado este texto.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
cópia da que copia
Fito naquela garota
que na máquina copiadora
um livro aberto copia, à toa...
Parece ter a mesma cegueira que a máquina tem.
Ocupada em seu ofício,
nem um olhar à obra se atém!
Enquanto a máquina copia,
ela se mantém vazia
sem os sonhos de alguém...
que na máquina copiadora
um livro aberto copia, à toa...
Parece ter a mesma cegueira que a máquina tem.
Ocupada em seu ofício,
nem um olhar à obra se atém!
Enquanto a máquina copia,
ela se mantém vazia
sem os sonhos de alguém...
terça-feira, 7 de julho de 2009
amanhã
Amanhã vai ser um lindo dia. Todo dia eu penso que amanhã vai ser melhor. Amanhã vou arrumar um emprego. Amanhã eu vou comprar um carro. Amanhã eu digo a ela que a amo. Mas amanhã está muito distante. Sempre esteve. Minha vida toda eu sempre pensei em amanhã. Amanhã é meu dia de sorte. Amanhã todos os problemas acabarão. Amanhã vou ganhar na loteria. Amanhã vou casar. E assim, pensando em amanhãs, os hojes se esvaem, perdem seu significado. Para que me preocupar? Amanhã tudo será melhor. Amanhã eu vou ler aquele livro que está me mirando, de cima da estante. Amanhã eu vou ao Cinema. Ontem já nem me lembro mais, já passou, esqueci. O que sou hoje é uma mera sombra de meus ontens frustrados, mas amanhã tudo estará no seu lugar. Amanhã eu vou receber o abraço de alguém que há muito não vejo. Amanhã vou beijar uns lábios esquecidos. Amanhã eu vou encher a cara. Se o calendário marcasse amanhãs em vez de dias, seria muito mais interessante. Um amanhã é imprevísivel. Um amanhã é impenetrável. Amanhã vou dormir até mais tarde. Amanhã vou rir uma risada gostosa com meu melhor amigo. Amanhã meu time vai ser campeão. Amanhã todas as manhãs se reunirão na minha cabeça e nem o pôr-do-sol poderá apagar o sorriso do meu rosto. Amanhã estarei cego, pleno e livre. Amanhã é o dia. Amanhã serei feliz.
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