quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

sentimento

Há algo vazio em tudo
Há um nada transbordando em mim
Há uma razão no absurdo
Há um princípio no fim

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

despretensioso

Quem sabe
despejo a pecha
de desleixado
e deixo de lado
a Vida.
Desperto
do outro lado
disperso e desesperado,
desiludido e desavisado,
distante
de todo disparate.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Há um copo com gelo em cima da mesa. Por que será que eu não lembro de ter bebido? Pensando mais calmamente, eu não me lembro nem de ter acordado. Sequer lembro de ter me lembrado de alguma coisa. Não lembro de nada que tenha acontecido comigo nos últimos dez minutos. Ou nos últimos dez anos. Ao menos não sou uma barata, talvez seria melhor que fosse. Há restos de feto em meu colchão? Não lembro de nada que me lembre este lugar. É estupidamente estranho. Sinto como se tivesse renascido, agora nesse instante. O problema não é ter que caminhar, é não saber para onde ir. Não há ninguém para eu seguir. Apenas o maldito copo vazio com gelo. Porém, hora a mais ou hora a menos o gelo irá derreter, sem nenhum medo. Eu ficarei aqui, em pé, parado, esperando uma direção.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Um mundo pra chamar de meu

Não durmo há quatro noites. Há um sono profundo querendo sair de mim. Evito-o. Forço pensar que sou invencível, imbatível e que não preciso dormir. As baratas dividem a sala comigo. Evito pensar no dia que passou. Daqui a um dia, uma nova vida, um novo mundo. Instauro um mundo só pra mim, um mundo pra chamar de meu. Frases indecifráveis. Algum senso de consciência. Abro a porta do armário e encontro velhas lembranças, já quase esquecidas. É nelas que me apego, no sonho furtivo de um dia melhor. Me mantenho acordado, há uma esperança em meu espelho. Há uma porta querendo ser aberta, há outra que acabei de abrir. O sonho está chegando. Adormeço. Já posso agora viver.